A cidade de Rio Verde (GO) se transformou, mais uma vez, no epicentro do agronegócio nacional. A 22ª edição da Tecnoshow Comigo, encerrada sexta-feira (11.04), bateu recorde e superou as expectativas: foram mais de R$ 10 bilhões em negócios fechados durante os cinco dias de feira, segundo informações dos organizadores. O evento, que recebeu mais de 140 mil visitantes, reafirmou sua posição como uma das principais vitrines tecnológicas do agro no Brasil.
Para quem vive da terra, os números impressionam, mas são ainda mais relevantes pelo momento atual do setor. Segundo Antonio Chavaglia, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Comigo, o cenário econômico de 2025 gerava incertezas, mas os juros mais baixos oferecidos pelos bancos durante a feira foram determinantes para destravar negociações. “A gente estava apreensivo, mas as condições facilitadas deram confiança ao produtor”, afirmou.
Só a cooperativa Comigo movimentou mais de R$ 1,2 bilhão em vendas de insumos como fertilizantes, sementes, defensivos e outros produtos essenciais para o campo. Já o Banco do Brasil registrou o maior volume de propostas já feitas em 22 anos de participação na feira, ultrapassando os R$ 2 bilhões. “Esse apetite por crédito vem da confiança do produtor, da boa safra no Centro-Oeste e do papel do BB como parceiro do agro”, disse Alberto Martinhago, diretor de Agronegócios do banco.
A feira também atraiu 695 expositores, que apresentaram de tudo: de tratores e colheitadeiras de última geração até soluções de automação e sustentabilidade. “A tecnologia no campo deixou de ser luxo e virou necessidade”, pontuou Claudio Teoro, coordenador da Tecnoshow. Entre as novidades estavam máquinas mais econômicas, sistemas de plantio de precisão e até soluções com uso de inteligência artificial.
Além de vitrine tecnológica, a Tecnoshow virou um ponto de encontro para debates importantes. Foram 65 palestras sobre temas técnicos e de gestão rural, incluindo sucessão familiar — assunto cada vez mais relevante nas propriedades brasileiras. O último dia da feira foi marcado por painéis com mulheres do agro e especialistas que discutiram como preparar a próxima geração para continuar o trabalho no campo.
Os impactos da feira não ficaram restritos ao agronegócio. O comércio de Rio Verde sentiu o movimento: R$ 90 milhões circularam na economia local, um crescimento de quase 9% em relação ao ano passado. A rede hoteleira teve ocupação total e o aeroporto local registrou 285 pousos e decolagens, entre aviões e helicópteros. “A feira movimenta a cidade inteira. Nosso desafio é manter esse clima positivo o ano todo”, afirmou o prefeito Wellington Carrijo.
A sustentabilidade também teve vez. A organização da feira destacou que mais de 53 mil toneladas de materiais foram recicladas, reforçando o compromisso ambiental do evento. A meta é tornar a Tecnoshow uma feira carbono neutro.
Para 2026, a expectativa é ainda maior. A próxima edição já está marcada: de 6 a 10 de abril. Segundo o presidente-executivo da Comigo, Dourivan Cruvinel, as obras viárias prometidas durante a abertura da feira e a ampliação da rede hoteleira devem melhorar ainda mais a estrutura. “Já começamos a trabalhar na próxima edição. A Tecnoshow não para”, garantiu.
Com uma área de mais de 170 hectares e um centro tecnológico que funciona o ano inteiro, a Tecnoshow Comigo prova que o agro brasileiro está longe de ser só tradição. É também inovação, capacitação e, principalmente, resultado para quem produz.
Fonte: Pensar Agro