Pesquisa revela que uso de herbicidas cresceu 128% no Brasil

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Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade de Rio Verde (UniRV), revelou que o uso de herbicidas nas lavouras brasileiras aumentou 128% entre 2010 e 2020. O levantamento, feito a pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária, mostra que o volume comercializado passou de 157,5 mil toneladas no início da década para 329,7 mil toneladas no final do período. O salto no consumo chamou a atenção da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que solicitou uma análise técnica sobre os motivos por trás da escalada.

O avanço se deve principalmente à dependência do glifosato como ferramenta de controle de plantas daninhas. O herbicida, que representa mais de 30% de todos os agrotóxicos vendidos no país, tornou-se pilar da agricultura brasileira após a adoção em larga escala de culturas resistentes à substância. No entanto, o uso contínuo do produto favoreceu o surgimento de espécies resistentes, obrigando os agricultores a adotarem misturas com dois, três ou até quatro princípios ativos para manter o controle das invasoras.

Entre os ingredientes que mais cresceram em vendas na década estão o cletodim (alta de 2.672%), triclopir (953%) e haloxifope (896%). Para os pesquisadores, o cenário é um alerta para o esgotamento do modelo atual. O glifosato não foi substituído, foi complementado. A resposta ao problema foi aumentar a carga química, o que traz impactos ambientais e econômicos cada vez maiores, explica a Embrapa.

O estudo também aponta alternativas para reduzir a dependência de herbicidas químicos. Uma das frentes é o manejo físico, com sistemas como o consórcio milho-braquiária, que reduz a emergência de plantas daninhas ao manter o solo coberto após a colheita. O uso de pulverizadores inteligentes, com sensores de presença, e até tecnologias emergentes como lasers e jatos de água quente com espuma selante, também são citados como ferramentas promissoras, embora ainda pouco adotadas.

Outra aposta da Embrapa são os bioherbicidas. A instituição já desenvolve um produto biológico à base de fungos para o controle da corda-de-viola. De acordo com Procópio, soluções específicas para espécies como buva, trapoeraba e caruru podem gerar impacto significativo: Só com um bioherbicida eficaz contra a buva, o Brasil poderia economizar de 15% a 20% do uso total de herbicidas em determinadas regiões.

O avanço das nanoformulações e o desenvolvimento de insumos à base de ácidos e óleos essenciais também são apontados como caminhos possíveis para uma transição mais segura e sustentável.

Para impulsionar essa virada, o estudo recomenda a criação de incentivos diretos aos produtores que comprovarem redução no uso de químicos. A proposta envolve políticas públicas de certificação e bonificação, com valorização comercial para alimentos produzidos com menor impacto ambiental.

É possível premiar o agricultor que faz mais com menos, que adota estratégias de manejo eficiente e contribui para uma produção mais limpa. Isso precisa ser reconhecido não apenas com selo, mas com renda, defende a Embrapa.

O levantamento técnico responde a uma demanda internacional, mas lança luz sobre uma questão estratégica para o futuro do agro brasileiro: como conciliar produtividade, rentabilidade e sustentabilidade em um cenário cada vez mais desafiador.

Leia a pesquisa completa diretamente no site da Embrapa, clicando aqui.





Fonte: Pensar Agro

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